Este é o vigésimo sétimo texto da 5ª edição do especial “Os governos estaduais e as ações de enfrentamento à pandemia no Brasil”, publicado entre os dias 8 e 12 de fevereiro na página da ABCP. Acompanhe!
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Roraima: gravidade e situação de alerta marca o enfrentamento no estado
Nome da autora: Luciana Santana
Instituição: Universidade Federal de Alagoas
Titulação: Doutora em Ciência Política (UFMG)
Região: Norte
Governador (Partido): Antonio Denarium (sem partido)
População: 605 761 (2019)
Número de municípios: 15
Casos confirmados em 12/02/2021: 76.973
Óbitos confirmados em 12/02/2021: 962
Casos por 100 mil hab.: 12.706,8
Óbitos por 100 mil hab.: 158,8
Data de início da vacinação no estado: 19/01/2021
* Por: Luciana Santana
A situação da pandemia em Roraima é grave, e não é a primeira vez que o estado aparece nessa situação em manchetes de noticiários nacionais ao longo da pandemia. Nos dois gráficos a seguir é possível identificar períodos em que a doença se agrava. A partir do mês de maio, até meados do mês de agosto, o estado passou por um dos seus períodos mais críticos, com grande aceleração da propagação da doença com o registro de novos casos, correspondente ao período de interiorização da doença, especialmente para o Norte e Centro-Oeste do país.
A quantidade óbitos por covid-19 também é elevada neste período, mas entra em uma fase de estabilização entre os meses de agosto de dezembro. O segundo período mais crítico tem início no mês de janeiro, nas primeiras semanas epidemiológicas de 2021, conforme pode ser observado no gráfico 2.
Esta segunda fase aguda foi informada à população pelo secretário de Saúde, Marcelo de Lima Lopes, que chegou a afirmar à imprensa que o aumento na curva de contágio ocorreu em razão de eventos ocorridos no final do ano passado. Além do aumento de circulação de pessoas no período eleitoral, no fim do ano passado alguns eventos públicos ou com a presença de gestores locais chamaram a atenção, como foi o caso da inauguração do Parque Rio Branco pela prefeitura de Boa Vista, e a participação do governador em uma cantata de natal com aglomeração e descumprimento de medidas sanitárias necessárias para conter a propagação do coronavírus.
Naquele momento, para minimizar a situação, o governo adotou um plano emergencial de dez dias, com orientações à população sobre cuidados para evitar novas medidas restritivas, implementação de barreiras sanitárias e intensificação de fiscalização pela Polícia Militar. Após esse período o Comitê de crise para o enfrentamento da Covid-19 recomendou que novas medidas restritivas fossem adotadas.
No último dia 11 de fevereiro, no principal Hospital Geral de Roraima (HGR), dos 83 leitos de UTI exclusivos para tratar pacientes infectados pela covid-19, apenas um está disponível, conforme boletim divulgado pela Secretaria de Saúde (Sesau). Dos semi-intensivos foram registrados 100% de ocupação e os clínicos 98%. Foram registradas 25 novas mortes e 337 novas casos, totalizando 937 óbitos e 76.636 casos acumulados.
Com relação ao carnaval, o governo estadual decretou feriado prolongado e proibiu eventos com aglomeração, sejam eles públicos e privados, em todo o estado. O descumprimento pode gerar uma infração sanitária. De acordo com o governo estadual, o ponto facultativo não é válido para atividades essenciais, como saúde, segurança pública, defesa civil, trânsito, infraestrutura e outros setores que funcionem em regime de plantão, ou que executem ações destinadas à pandemia. Segundo o governo, o decreto considerou o cenário epidemiológico do estado, as recomendações apresentadas pela Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde e o aumento de casos confirmados de infecções pela covid-19 na capital e interior. A fiscalização será feita pela Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e pela Vigilância Sanitária Estadual.
Na figura abaixo, é possível identificar os principais decretos e dados da pandemia em Roraima.
Apesar da adoção de medidas de isolamento, quarentena, suspensão de aulas da rede estadual, eventos e aglomerações, visitas a unidades de saúde e sistema prisional, é necessário identificar quais os erros na condução da pandemia no estado. Algumas hipóteses aventadas estão relacionadas à baixa adesão da população ao isolamento social, ao surgimento de novas variantes do vírus da covid-19, erros nas políticas de controle da doença como a baixa taxa de testes RT-PCR (que possui maior alta taxa de confiabilidade em relação a outros testes) e uma política de rastreamento.
De acordo com dados do portal da transparência da covid-19 de Roraima, de 174.797 testes realizados para confirmar os casos de contaminação e óbitos, apenas 38.423 foram por meio de RT-PCR, o que corresponde a 35,5%.
Em meio à situação caótica da pandemia no estado, o início da vacinação no dia 19 de janeiro trouxe um alento para a população local. As primeiras doses da vacina foram direcionadas para profissionais da saúde, indígenas e idosos que vivem em abrigos. Na sequência, foram incluídos idosos com mais de 85 anos.